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LAÇOS NO CÉU

Atualizado: 29 de ago. de 2021

Por: Victor Bezerra

Coordenador da Divisão de Planetas da A.A.P.

Físico, e Mestre em Educação


Dia após dia e semana após semana, à medida que a Terra gira em torno do Sol, os planetas no céu geralmente se movem na mesma direção que o Sol: de oeste para leste. Os astrônomos chamam isso de movimento direto ou prógrado. Esse movimento não deve ser confundido com o movimento diário dos planetas e do Sol no céu, de leste a oeste, que é causado pela rotação da Terra sobre o seu eixo.

Em períodos específicos de tempo, um planeta pode começar a se movimentar “para trás” de leste a oeste. Esse movimento para o oeste é chamado de movimento retrógrado aparente (da palavra latina “retrogradus”, que significa “ir para trás”).



O movimento retrógrado é uma ilusão de ótica causada por diferenças na velocidade orbital dos planetas.

Vamos usar Marte de exemplo. Esse planeta superior movimenta-se mais lentamente em sua órbita que a Terra. Quando passamos Marte, ele parece estar se movendo “para trás” porque estamos nos movendo mais rápido que ele. O mesmo acontece quando você passa por um carro se movimentando mais devagar numa rodovia: por um instante, ele parece se mover na direção oposta.

Esse mecanismo funciona para todos os planetas superiores. Os planetas inferiores, Vênus e Mercúrio, que orbitam o Sol mais depressa que a Terra, também parecem se movimentar “para trás” periodicamente. No entanto, seu movimento retrógrado é difícil de observar: quando um planeta inferior passa por nós, ele se posiciona entre a Terra e o Sol, e o brilho do Sol o esconde de nós.


Esse fenômeno foi um dos grandes mistérios da astronomia antiga. Muitos foram os modelos cosmológicos propostos para tentar explicá-lo. No entanto, ele foi compreendido somente após a aceitação dos trabalhos de Copérnico (1473-1543) acerca do heliocentrismo e de Kepler (1571-1630) com suas três leis do movimento planetário. No sistema copernicano, o Sol ocupa o centro do sistema solar e os planetas giram em torno dele em órbitas elípticas, de acordo com a primeira lei de Kepler. A terceira lei de Kepler revela também que quanto maior for a distância média do planeta em relação ao Sol, menor será sua velocidade orbital média. Por exemplo, a Terra, por estar mais próxima do Sol, possui uma velocidade orbital média maior que a de Marte e, por consequência, menor que a de Vênus.


Apesar de enxergarmos laços no céu, cada planeta na realidade segue sempre a sua órbita elíptica no mesmo sentido, sem nunca o inverter. O movimento retrógrado observado no céu é uma ilusão. Como visto anteriormente, a Terra é um ponto de observação móvel para os fenômenos celestes. Enquanto observamos o céu noturno, nosso planeta se move com velocidade de aproximadamente 109.000 km/h e os outros planetas também, mas com velocidades diferentes. Quando observamos um planeta no céu, ele é visto projetado contra o fundo estelar, parecendo estar junto de alguma constelação. Com o passar do tempo, a projeção do planeta muda, pois tanto ele como a Terra deslocam-se ao longo de suas órbitas



De 26 de junho a 1º de dezembro, o planeta superior Netuno estará se deslocando “para trás” no céu. Durante esse período, ele estará posicionado na constelação de Peixes. Netuno entra em movimento retrógrado uma vez por ano durante cerca de 150 dias. Ainda este ano (2021), também teremos a oportunidade de testemunhar o movimento retrógrado de outros planetas. Urano entrará em retrógrado em 19 de agosto, Mercúrio em 27 de setembro e Vênus em 19 de dezembro.


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